Liberte-a!

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Feriado! Pra todo mundo, menos pra mim. Após um dia cansativo de estudos desde às 7 da manhã e depois mais algumas aulas, já era fim da tarde e eu estava no ponto de ônibus. Com a paciência esgotada, ainda tinha que esperar mais do que o normal, afinal, é horário de domingo, mas o preço não. Nunca entendi essa lógica! Pra tentar fazer os próximos 15 minutos passarem mais rápido do que os que já se foram, resolvi abrir o livro que eu estava lendo.

O livro era de crônicas, crônicas sobre o amor. E, pra evidenciar, estava escrito com letras garrafais na capa: MUITO AMOR. Pra elevar mais um pouquinho o meu humor, um carro cheio de pias para no semáforo bem a minha frente. Como, infelizmente, de costume, foram mexer com uma menina, eu.

"Aqui tem muito amor"
"Você quer amor?"
"Vem aqui no carro que está cheio"

Fiquei com raiva! Já estava esgotada. Só queria ir pra casa pra tentar colocar a matéria em dia, e ainda tinha que aturar esse bando de moleque que enche a cara no feriado. Algumas linhas adiante, não aguentei, olhei para o lado oposto já que não conseguia mais manter meus olhos no livro.

"Ahhh, ela notou"
"Olha aqui agora"

Meu olhar encontrou o de uma simpática senhora que também esperava o ônibus. Ela riu da situação. Eu retribui.

"Está rindo agora ahhhh"

O neto da senhora da frente quis saber o que estava acontecendo. Ela explicou sobre a capa do meu livro e a brincadeira dos garotos.

"Está até vermelha agora"

Definitivamente estava! Sem ter muita escolha e já vencida pelo cansaço, olhei para o tal carro. Todos socados e não nas melhores condições.

"Ahhh, agora olhou"

Uma mulher, que me pediu desculpas, estava dirigindo. E todos eles sorriram. Retribui. O semáforo abriu. Eles aceleraram. E ficou eu e mais todos do ponto apenas rindo.

Sabe, são essas coisas singulares do nosso dia a dia que fazem a vida valer a pena. Se isso não tivesse acontecido, eu não teria sorrido, estaria relembrando as matérias não feitas, esse texto não teria saído e a minha casa demoraria pra chegar. Eu não teria percebido o exagero da minha raiva e do meu mau-humor.

Não estou dizendo pra você dar corda pra esses homens que passam buzinando e """elogiando""". Aliás, detesto isso! Dá nojo. É um machismo covarde que repudio de todas as formas possíveis. Mas a questão é: de mais valor à singularidade das coisas que atrapalham a rotina. Lembra de tirar a cara de carrasca(o) de vez em quando e se dê a liberdade de externar a criança que existe dentro de você, deixá-la assumir o controle por um breve momento. Aliás, feliz dia das crianças!

Um comentário:

  1. Que bom que teve um final feliz. Achei lindo seu texto. Gostei demais de lê-lo! ^^ Essas acontecimentos atípicos fazem uma diferença enorme no nosso dia. =)
    Beijinhos ♥

    Contadora de Histórias

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